Em julgamento, seis ministros derrubaram liminar do ministro Marco Aurélio Melo para retirar Renan Calheiros da presidência do Senado; três votaram pelo afastamento imediato.
Por seis votos a três, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou
em julgamento nesta quarta-feira (7) o afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL)
da presidência do Senado.
Seis dos nove ministros presentes ao julgamento votaram pela derrubada
da decisão liminar (provisória) do relator do caso, Marco Aurélio Mello,
proferida na última segunda (5).
Na liminar, o ministro havia determinado o afastamento de Renan
Calheiros, ordem
que não foi cumprida pela Mesa do Senado. O efeito da liminar
perdurou até o julgamento do caso pelo plenário. Mesmo assim, Renan
Calheiros acompanhou a sessão do Supremo do gabinete da
presidência do Senado.
Durante a sessão, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, também defendeu o afastamento imediato de Renan da
presidência do Senado.
Ministro
Celso de Mello critica postura de Renan Calheiros
O primeiro a votar contra o afastamento foi o ministro Celso de Mello.
Para o ministro, caso se tornem réus, presidentes do Senado, Câmara e STF não
podem substituir temporariamente o presidente da República.
Mas, em vez de afastá-los do cargo – como recomendou Marco Aurélio Mello
–, caberia apenas , segundo o raciocínio do ministro, excluí-los da linha
sucessória, impedindo-os de assumir a chefia do Executivo em caso de ausência
do titular.
“Os agentes públicos que detêm as titularidades funcionais que os
habilitam constitucionalmente a substituir o chefe do Poder Executivo da União,
em caráter eventual, caso tornados réus criminais perante esta Corte, não
ficarão afastados dos cargos de direção que exercem na Câmara, no Senado ou no
Supremo Tribunal Federal. Na realidade, apenas sofrerão interdição para
exercício do ofício eventual e temporário de presidente da República”, afirmou
Celso de Mello.
Como
votaram os ministros
Acompanharam o mesmo raciocínio de Celso
de Mello os ministros Dias
Toffoli, Luiz Fux, Teori Zavascki, Ricardo Lewandowski e a
presidente do Supremo, ministra Cármen
Lúcia.
Embora tenham acompanhado o voto majoritário, Zavascki e Lewandowski
fizeram a ressalva de que uma medida do tipo só poderia ser proferida após o
final do julgamento de mérito da ação sobre a linha sucessória da Presidência
da República – interrompida em novembro a pedido de Toffoli. Na sessão desta
quarta, estava em análise somente a decisão liminar relacionada a Renan
Calheiros.
Em favor do afastamento votaram Marco
Aurélio Mello, mantendo sua posição, e os ministros Edson Fachin e Rosa Weber.
Descumprimento
da liminar
Ao final do julgamento, a presidente do STF, Cármen Lúcia, condenou a
recusa de Renan Calheiros em assinar a notificação e assim, se afastar do
comando do Senado, como havia sido determinado por Marco Aurélio Mello.
Para a ministra, “dar as costas” a um oficial de Justiça, como fez o
presidente do Senado, é dar as costas ao Poder Judiciário:
A atitude de Renan, disse, é “um exemplo que não é edificante para uma
sociedade que precisa cada vez mais no sentido do civismo e da convivência
pacífica”.
Durante o julgamento, o ministro Marco Aurélio Mello classificou como
"inconcebível,
intolerável e grotesca" a atitude de Renan e da Mesa Diretora
do Senado de não receber a notificação da liminar (decisão provisória) do
ministro, que afastava o senador da presidência da Casa.
Em sua fala, antes de proferir o voto, Celso de Mello, ministro mais
antigo do Supremo, fez um desagravo
a Marco Aurélio.
"Reafirmo integral e absoluto respeito pelo ministro Marco Aurélio,
cuja judicatura ao longo de 26 anos de brilhante, qualificada e diligente
atuação sempre se destacou por sempre irrepreensível respeito à coisa pública e
ao primado da Constituição e das leis da República. Atuação sempre firme e
primorosa”, declarou Celso de Mello.
Fonte G1
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