Quando o brasileiro ouve falar no nome Roberto Baggio uma única imagem vem a memória, o pênalti por ele perdido na final da copa do mundo de 1994, que deu ao Brasil o título de tetra campeão mundial de futebol.
O que pouca gente se lembra, ou não sabe, é que Roberto Baggio até hoje é considerado um dos melhores jogadores da Itália e do mundo das décadas de 90 e começo dos anos 2000. Baggio jogou em três copas do mundo e é o único jogador italiano a fazer gols em três copas diferentes sendo eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo em 1993, ou seja um ano antes da copa do mundo dos Estados Unidos em 1994, e vindo a receber também no mesmo ano o prêmio Ballon d'Or entregue pela revista France Football por também ter sido considerado o melhor jogador de futebol da Europa.
Isso demonstra que apesar de ser considerado um dos melhores jogadores de todos os tempos e seu nome constar na lista da FIFA dos 100 craques do século, Roberto Baggio ficou marcado pelo pênalti perdido, independente de sua carreira de sucesso como jogador, o povo brasileiro em sua maioria guardou dele a memória do erro, do fracasso e consequentemente da vitória da seleção brasileira.
É como se tudo o que ele fez antes e depois daquele pênalti não tivesse importância. Aquele pênalti era uma oportunidade única, a cereja do bolo para uma carreira vitoriosa, uma marca que faria com que ele sempre fosse lembrado, não que não seja hoje, mas é de forma negativa, o craque que perdeu o pênalti, o jogador que perdeu a chance, o homem que perdeu a única oportunidade que teve.
Quando pensamos no nome Túlio Lemos, nos vem primeiro a mente a trajetória de um jornalista, conceituado, figura pública da televisão, jornais e rádio. Já apresentou programas nas mais importantes emissoras de TV e rádio do estado, programas com notícias policiais e de cunho político, sempre levando sua opinião ao telespectador, e também porque não dizer um grande formador de opinião de todos aqueles que sintonizavam nos seus programas ou liam suas colunas e simpatizavam com suas ideias e posturas.
Essa imagem ainda muito forte e presente do jornalista Túlio Lemos deu lugar a imagem do político Túlio Lemos, candidato no último pleito municipal obtendo êxito na campanha, Túlio agora estará do outro lado da cena. Túlio sempre se saiu muito bem na cobertura do dia dia político do estado e municípios, sempre com críticas pertinentes que traziam audiências para os programas e jornais que apresentava, comentava ou escrevia.
O que nos resta saber é como se comportará o jornalista, agora prefeito, estando do outro lado, digo isso porque Túlio em toda a sua carreira de jornalista sempre teve o papel de ser o estilingue, aquele que arremessa as pedras quando era necessário, a partir do próximo mês saberemos como será o comportamento de Túlio Lemos sendo a vidraça, na qual a pedra é arremessada, afinal assumir uma prefeitura com os sérios problemas como a de Macau é inevitável não receber críticas.
Traçando um paralelo entre Roberto Baggio e Túlio Lemos, é inevitável não comparar a oportunidade que os dois tiveram, apesar de profissões totalmente diferentes, e de importância e significados distintos.
Baggio teve nos pés a oportunidade de levar sua nação ao título mundial, Túlio tem nas mãos a oportunidade de corrigir um passado histórico de parte da família que já esteve no poder municipal décadas atrás e que não deixou boas lembranças, talvez por isso o povo de Macau deixou a família Lemos tanto tempo na geladeira sem nenhum cargo eletivo após o governo do pai de Túlio, Afonso Lemos, que até hoje é lembrado pelo atraso de salários, perseguições políticas, ameaças, transferências de funcionários públicos de oposição dentre outras.
Túlio tem a bola do pênalti consigo e se prepara para bater, ou melhor, a oportunidade de fazer diferente e quem sabe até iniciar na terra do sal uma nova marca na família Lemos enquanto gestão municipal.
Apesar de profissões diferentes o Prefeito Jornalista está na marca do cal, pronto pra cobrar o pênalti e se sagrar campeão e ser lembrado pelas gerações futuras como um gestor de responsabilidade e que trouxe avanços para a cidade que governa e isso seria um gol, um belo gol. Ou reforçar a imagem que muitos macauenses tem de parte da sua família como governo que não acrescentou em muita coisa na boa qualidade de vida dos moradores de Macau, e isso seria um chute pra fora, igual Roberto Baggio fez, e até hoje é marcado e lembrado pelo seu erro.
Túlio não pode errar, só lhe resta essas opções, ou acerta o gol e será lembrado como vitorioso, ou erra e perde a chance que teve e será lembrado pela oportunidade perdida o que praticamente seria o fim de qualquer aspiração política por parte da sua família. Principalmente depois de dois governos municipais em um só, muito abaixo da expectativa dos macauenses que hoje sofrem sem as condições mínimas de qualidade de vida proporcionada pela prefeitura, é só lembrar que dos últimos 3 prefeitos da cidade dois estão presos e um bate o recorde de rejeição por parte da população.
Túlio representa o novo, a esperança, uma nova forma de governar, isso ficou claro nas últimas eleições em todo o país quando muitos novos políticos que não tinham carreira política nenhuma foram eleitos, é só lembrar do empresário João Dória em São Paulo, do também empresário Marconi Barreto em Ceará-Mirim/RN e do próprio Jornalista Túlio Lemos em Macau/RN dentre tantos. Isso só reforça a teoria de que o eleitorado jovem anseia por mudança e de que o eleitor com mais idade já não acredita mais nas mesmas figuras políticas de sempre.
Túlio e Baggio, prefeito e jogador de futebol, Baggio sempre será lembrado por ter errado independente de tudo o que conquistou na carreira, Túlio se prepara pra cobrar o pênalti e o resultado só a história dirá depois dos próximos 4 anos.
É isso aí
Por Leandro de Souza
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